o que seria dos jardins pequenossem a rubra amarela branca rosa?
sem o subterrâneo labor das formigas?
sem o perfume alvo dos jasmins?
sem a alegria dos pássaros visitantes?
– Sem ti a tristeza reina no meu pesado coração...
o que seria da nutritiva poesia
sem o lírico arrebatamento da paixão?
sem o prisma misterioso das palavras?
sem a viçosa sedução da beleza?
sem a alma o duplo eu a morte?
– Sem ti a tristeza no coração...
o que seria do oceano grandioso
sem a doçura infalível das ondas?
sem a inexaurível multicoloração da luz?
sem o roçar constante da brisa?
sem o luar de prateada melancolia?
– Sem ti a tristeza reina...
o que seria do exigente amor
sem o gozo exegese do prazer?
sem o sonho construído do futuro?
sem o delicado corpo da presença?
sem a fidelidade livre absoluta?
– Sem ti... tristeza...
o que seria da insubmissa vida
sem a confinada natureza dos jardins?
sem a elevação anímica da poesia?
sem o poderio milenar do oceano?
sem o amor sustento da existência?
– Sem ti...