sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O desejo


O desejo de qualquer forma arde
– eterno interno sol a pino
em pleno meio-dia no meu corpo –
esperando somente sombra e vento
para decolar nos prazeres dessa tarde.

Meu desejo sempre voa como a ave.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

3 tercetos sobre a morte...

Amigos, brindemos à vida
Porque a morte sempre brinda
À nossa inevitável partida...

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O gato tem 7 vidas pra viver,
Tenho enorme pena dele:
Quanto tempo pra sofrer!

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Tudo que é vivo morre.
A ciência do destino fatal
Em nada me comove!





quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Esse nosso amor que inesperadamente se converte...


Esse nosso amor que inesperadamente se converte
Em deliciosos gemidos e gritos de prazer;
Esse amor que tem em si o próprio reviver
É o mesmo amor que da nossa alma se diverte.

Esse amor prestante que às vezes subverte
Todas as áridas fronteiras do sofrer;
Esse amor que de tão forte não dá pra descrever
É o mesmo amor donde o choro verte.

Esse nosso amor feito de perfumes e de chama
Que às vezes se acalma, outras vezes nos conclama
À mil procuras sanguinárias do seu fundo;

Esse amor que de tão suave nos leva ao céu
É o mesmo rubro amor que o inferno converteu:
Nosso amor é o mais completo deste mundo!

domingo, 7 de agosto de 2011

Balada da Saudade



o que seria dos jardins pequenos
sem a rubra amarela branca rosa?
sem o subterrâneo labor das formigas?
sem o perfume alvo dos jasmins?
sem a alegria dos pássaros visitantes?

       Sem ti a tristeza reina no meu pesado coração...

o que seria da nutritiva poesia
sem o lírico arrebatamento da paixão?
sem o prisma misterioso das palavras?
sem a viçosa sedução da beleza?
sem a alma o duplo eu a morte?

       Sem ti a tristeza no coração... 

o que seria do oceano grandioso
sem a doçura infalível das ondas?
sem a inexaurível multicoloração da luz?
sem o roçar constante da brisa?
sem o luar de prateada melancolia?

       Sem ti a tristeza reina...

o que seria do exigente amor
sem o gozo exegese do prazer?
sem o sonho construído do futuro?
sem o delicado corpo da presença?
sem a fidelidade livre absoluta?

       Sem ti... tristeza...

 o que seria da insubmissa vida
sem a confinada natureza dos jardins?
sem a elevação anímica da poesia?
sem o poderio milenar do oceano?
sem o amor sustento da existência?

     – Sem ti...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Depois de lhe deixar na porta de casa, passei em frente a uma delegacia, parei e disse para a policial de plantão (que aliás era uma mulher jovem e bela):
- Senhorita, quero registrar um B.O.
- O senhor foi roubado?
- Não senhora, fui furtado. Tive o coração furtado.
- Está brincando comigo? Sabe que posso lhe dar ordem de prisão por desacato?
- Sei sim, senhorita. Não estou brincando. Tive mesmo o coração furtado. Não foi roubo não. Ela nem teve que usar as mãos. Aliás nem teve que dizer nada. Só aquele seu olhar negro já bastou... e puft, ela levou meu coração e eu nem percebi. Por isso é furto,não foi a mão armada.
Ela não se emocionou e respondeu:
- Senhor, nesses casos a autoridade nada pode fazer.
Por isso não acredito nas leis...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Beleza

A beleza faz dos Homens efemeridade
Faz da incontrolável natureza arte
Faz do todo da existência parte
A beleza faz da alegria saudade

A beleza faz da vida crueldade
Faz da triste separação morte
Faz da sufocante solidão sorte
A beleza faz a dor ser piedade

A beleza faz do amor violência
Faz dos dias rotineiros insistência
Faz da confortante esperança loucura

Faz do possível caminho desistência
Faz do tempo intrínseca doença
A beleza faz si mesma ser a cura

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Calma


Está calma a brancura da noite
e a escuridão de cada dia.
Calma está a incompleta sede de alegria.
Também está calma a tristeza, a dor... a eterna agonia.
Acalmou-se até a lâmina fria da antiga melancolia.
Só não é possível acalmar a lembrança dos teus olhos
– que a cada toque da minha língua na tua pele macia –
me sorria... me sorria... me sorria...